Hudson Cunha
O crescimento dos crimes na rede mundial de computadores já assustam os que a acessam com seus computadores, não só pelo número exponencial com que vêm ocorrendo as ações criminosas e seus prejuízos vultuosos, também, pelo nível de sofisticação e rapidez dos ataques, às vezes até sem deixar vestígios.
A elevação no número dos crimes virtuais é alarmante, pois, nos EUA, são 922 grandes crimes cibernéticos por dia, dado que estes quase duplicaram em dano desde 2008/2009, e, o Symantec Internet Security Threat Report XV calculou que, em 2009, foram criados 240 mil programas maliciosos, o dobro de 2008.
Os bancos brasileiros sofrem ataques. Fácil encontrar correntistas que, em determinado momento, tiveram suas contas movimentadas por terceiros, por um meio qualquer de invasão no sistema de dados. Nem todos foram ressarcidos dos prejuízos que sofreram, dificilmente ocorre a indenização total pelos Bancos, e, estes sempre alegam ser vítimas, também.
Até um procedimento usado pelos estelionatários, aqui no Brasil, surpreendeu a comunidade internacional, o chamado “chupa cabra”: um aparelho instalado nos caixas eletrônicos pelos qual os cybercriminosos roubam a senha bancária e dados da conta do correntista para golpes.
Em alguns países, o percentual de usuários da rede que reclamam ataques é crescente e preocupante e variável de país para país, alcançando até ¾ dos usuários (Índia, conforme a Relatório dos Cybercrimes da Norton daquele país). Os criminosos, nem sempre identificados, podem agir a distância e com um dano expressivo, sendo que somente 50% dos casos foram resolvidos.
Os cybercriminosos não atacam mais os computadores só individualmente , em alguns casos, valendo-se de programas especiais, invadem milhares ou milhões de computadores, por exemplo, a PC Word noticiou que, na Holanda, um grupo de criminosos virtuais interferiram de uma vez em 143 servidores, propagando daí para 2,2 milhões de computadores no mundo, um programa que buscava senhas bancárias.
Os prejuízos são significativos, por exemplo, calculou-se (relatório da McAfee Inc de 2009) que os prejuízos acarretados com invasões subtraindo propriedades intelectuais de empresas alcançam em torno de um trilhão de dólares, nos EUA.
Há aqueles que invadem os computadores para roubar dados ou recursos, como os que furtam ou roubam em milhares de computadores e remetem os valores para contas fantasmas de onde são sacados com rapidez.
Mas, as duras penas propostas por juristas ocorrem também em relação aos que possuem prazer em dar prejuízos ou atacar os aparelhos de quem não concordam, os chamados crimes de má conduta on line. É o caso de Bruce Raisle, um criminoso virtual dos EUA, em Camden, New Jersey, que foi condenado na semana passada, a 10 anos de cadeia, multa de US$ 250000 e a pagar os danos que acarretou, pois invadiu 100.000 computadores com botnet (programa que permite controle a distância de computadores de terceiros) provocando um prejuízo de cerca de US$ 100.000,00.
A sofisticação e a rapidez dos ataques impressionam, os criminosos virtuais conseguem muitas vezes agir sem deixar grandes vestígios. Muitos dos hackers já falam em fluxo rápido (fast flux), os cibercriminosos agem em segundo ou poucos minutos, adotam a rápida mudança de IPs e de DNS records., despitando as investigações. São necessários aparelhos e programas preventivos para os detectar e combater.
O FBI já declara que somente com o permanente aperfeiçoamento e aparelhamento policial será possível reduzir o crime virtual, pois os criminosos cada vez adotam mecanismos e técnicas mais aprimorados.
O crescimento numérico, rapidez, dimensão e em sofisticação dos crimes cibernéticos, com riscos inclusive para segurança nacional forçou que o Pentágono, sem alarde, criasse o USCybercom, um departamento destinado a proteção em relação inclusive ao terrorismo virtual.
No Brasíl, as forças armadas já se conscientizam de que é necessário também investir nos meios virtuais, pois um ataque, seja interno ou externo, simultâneo em caso de guerra ou conflito similar pode comprometer toda segurança nacional. Também já possuiem os seus departamentos especificos na área de combate aos ataques na rede.
As sugestões para o combate aos crimes virtuais são diversas, inclusive que haja um tratamento mais duro com os países mais condescendentes com hackers. E, que se desenvolva uma rede de comunicação de como aparelhar as policias para combater os crimes virtuais em todo o mundo, dado que o crime pode acontecer a distância.
A Swiburne University, nos EUA, já oferece o primeiro curso de pós-graduação em Eforensics destinado a dar uma compreensão técnica e informativa de como atuar nos problemas jurídicos relacionados com os ilicitos virtuais - cibercrimes e de má conduta on line.
No Brasil, através do aprimoramento e aparelhamento da Polícia Federal, pode-se apurar diversos crimes virtuais, inclusive também muito tem contribuído para periciar computadores e desmantelar até redes e indivíduos pedófilos que agiam no País.
Mesmo assim, há muito ainda que fazer, antes, que possam os usuários da rede alcançarem uma tranquilidade plena na movimentação de suas contas e valores, seus dados, suas operações e de suas informações.
06/11/2010